sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Anemia Infecciosa Equina



Esta doença. também conhecida como "febre dos pântanos", é produzida por um vírus. É mais freqüente em terrenos baixos e mal drenados ou em zonas úmidas muito florestadas.
Apresenta-se em várias formas clínicas, todas com importância e é disseminada em todo o mundo.
Os estudos iniciais desta doença foram realizados na França em 1843; em 1859 foi constatado pelo pesquisador Anginiard o caráter contagioso da doença, sendo que a primeira demonstração de doença virótica foi feita em 1904/1907.



No Brasil, a primeira descrição desta doença verificou-se em 1968, por Guerreiro e col.
Os animais ficam suscetíveis à enfermidade quando têm resistência orgânica diminuída por um trabalho excessivo, calor intenso, alimentação inadequada e infestação por vermes.
A doença tende a apresentar-se sob forma enzoótica em fazendas ou áreas, não havendo disseminação fácil e rápida, nunca se observando, segundo Scott, contágio de animal para animal.

Graves perdas são causadas nas áreas endêmicas, podendo desaparecer a mortalidade com o passar do tempo.

Observação feita por Fulton, que injetou água de charcos na veia de eqüinos reproduzindo a AIE, veio confirmar a teoria de Lohr, isto é, de que a infecção natural advém da ingestão, pelos insetos transmissores, de água ou alimentos contaminados.

O vírus está presente no sangue, saliva, urina, leite, etc.

Os surtos aparecem quando é introduzido na manada um animal infectado ou portador. Casos crônicos podem existir em qualquer época do ano e, são mais suscetíveis os animais desnutridos, débeis e parasitados.

TRANSMISSÃO

É feita principalmente por insetos sugadores (moscas e mosquitos). Já foram também comprovadas as transmissões congênitas (placentária), pelo leite (aleitamento), pelo sêmen (acasalamento) e pelo soro-imune.

As mucosas nasal e oral, intactas ou feridas, podem ser portas de entrada do vírus.

O uso sem assepsia de material cirúrgico, por pessoas não-habilitadas, também aumenta a probabilidade da infestação. O animal, uma vez infectado, torna-se portados permanente.

SINTOMAS

Há uma forma aguda e outra crônica. Todavia o vírus pode estar presente no sangue do animal sem produzir qualquer sintoma.



  • A forma aguda é assim caracterizada:
  • a) febre que chega a 40,6c;
  • b) respiração rápida;
  • c)abatimento e cabeça baixa;
  • d)debilidade nas patas, de modo que o peso do corpo é passado de um pé para outro;
  • e)deslocamento dos pés posteriores para diante;
  • f)inapetência e perde de peso.


Se o animal não morre em três a cinco dias, a doença pode tornar-se crônica.


Na forma crônica observa-se ataque com intervalos variáveis de dias, semanas ou meses. Quando o intervalo é curto, em geral a morte sobrevêm depois de algumas semanas.


Com ataques há grande destruição dos glóbulos vermelhos do sangue, o que resulta em anemia.

A doença pode acometer eqüídeos (burros, zebra, etc.), de qualquer raça, sexo e idade. A Tem como vetor, insetos hematófagos, porém, a transmissão pode ocorrer através de agulha usada. Todo proprietário deve fazer duas vezes por ano, exame eliminando os animais positivos e comunicar à Casa da Agricultura.

Qualquer eqüídeo, para ser transportado precisa ter atestado de anemia eqüídeo infecciosa negativa.

PROFILAXIA

Combate aos insetos e manutenção de boas condições sanitárias; drenagem nos pastos alagados e fiscalização das aguadas e bebedouros, a fim de que os animais não bebam água estagnada; não introdução de animais infectados na fazenda; uso de agulhas hipodérmicas e instrumentos cirúrgicos só depois de bem esterilizados.

TRATAMENTO

Ainda não é bem conhecido qualquer tratamento eficaz. Aumentar a resistência do animal, desintoxicar o fígado e fortalecer o coração, intensificar o metabolismo. Existem estudos recentes, mas por enquanto o animal que apresentar Teste de Coggins positivo deve ser sacrificado.

CONTROLE

  • Isolar os animais com sintomas suspeitos (fazer o Teste de Coggins);


  • Retestar periodicamente todos os animais;


  • Evitar a entrada na fazenda de animais vindos de zonas enzoóticas sem os testes negativos recentes de imunodifusão;


  • Drenar as zonas pantanosas e controlar os insetos transmissores;


  • Todo material usado nos animais (para cirurgia, tatuagem, injeções, abre-bocas etc) deve ser esterilizado por fervura por mais de 30 minutos;


  • A possibilidade de uma vacina é remota, pois muitas já foram experimentadas e até o momento nenhuma apresentou resultados satisfatórios.

Sarnas de Cavalo

São os eqüinos em geral parasitados por várias espécies de Sarnas, entre as quais as seguintes:





Psoroptes equi, que ataca preferentemente as zonas do corpo revestidas por pelagem mais densa, tais como o topete e a crina, seguindo-se em ordem de freqüência as regiões escapular e a de inserção da cauda. Raramente ataca as regiões como o ventre, garupa, curvilhão ou orelhas, e quando isso acontece, em geral está associada com a Sarna Sarcóptica que será mais especificamente tratada abaixo.


Para seu tratamento, simples banhos com água e sabão, preferentemente sendo este do tipo sarnicida, são suficientes para debelarem o parasita



Chorioptes equi, ou simplesmente Sarna Corióptera, também conhecida como Sarna da patas, pelo fato de quase sempre encontrar-se o parasita localizado nessa região exterior do animal. Produzindo intensa coceira, os animais quando parasitados demonstram-se irritadiços, andando de um lugar para outro sem se manterem calmos como usualmente acontece quando não parasitados. Dão patadas contra o chão, golpeiam com suas próprias patas as paredes dos locais onde se encontram alojados, mordem-se assim como os objetos circunvizinhos, demonstrando assim o prurido que sentem em suas extremidades. Essa irritação do animal é mais intensa principalmente a noite devido a grande atividade do ácaro parasita nesse horário, levando o dono ou o tratador do animal a pensar tratar-se de vício do animal. Durante os meses mais quentes há remissão dos sintomas, que tendem a voltar quando durante o Inverno ou noites frias, daí ser conhecida também pelo nome de Sarna Invernal.

Afeta inicialmente e mais freqüentemente as extremidades posteriores que a anteriores, e principalmente as chamadas regiões das quartelas. Invade em seguida as regiões das espáduas, do pescoço e do tronco, para invadir em seguida todo o corpo do animal. Aqueles animais de porte mais avantajado e de pelagem mais densa, pelos alemães chamados de Animais de " sangue frio ", são mais freqüentemente e primeiro parasitados que os demais com os quais
convivam, e principalmente aqueles mais deficientemente cuidados com banhos ou simples rasqueamentos.

As zonas da pele atacadas pelo parasita, apresentam-se com infiltrações serosas e formação de nódulos e vesículas, para em seguida aparecerem crostas e por fim engrossamento cutâneo resultante da cornificação epidérmica (hiperqueratose). Por fim sobrevem queda de pêlos, e aparecimento de um eczema seco nesses locais parasitados. Com o passar do tempo sem tratamento condizente, pode evoluir para Eczema úmido e mesmo flegmonoso, sobrevindo calosidades e rugosidades das quartelas, daí o nome que lhe é dado de: pé eriçado.
Juntam-se ao quadro lesões traumáticas nesses locais, produzidas pelo ato de coçar mordendo a região pelos próprios animais.
Sarcoptes equi, ou simplesmente Sarna Sarcóptica,
também chamada de Escabiose por semelhança com a produzida no homem e em algumas espécies animais pelo seu primo Sarcoptis scabiei.


Diferentemente das anteriores, esta espécie dá preferência para localizar-se em zonas da pele revestidas por pêlo mais curto. Em geral começa atacando a região da cabeça do animal, arcadas orbitarias, nariz, lábios e orelhas. Avança em seguida para o pescoço e região escapular, e nos cavalos utilizados como montaria ou tração, na região da sela. Todo o corpo pode ser invadido pelo parasita em prazo curto de 4 a 6 semanas, porém, excepcionalmente são parasitadas as regiões baixas como ventre e extremidades do corpo. Provoca prurido intenso, principalmente durante a noite. É mais freqüente que a Psoróptica, podendo associar-se a esta, produzindo então um quadro clínico não definido como quando acontece estar presente sozinha.











PATOGENIA - Tanto aquela psoróptica quanto a Sarcóptica, conforme já descrito, o que chama a atenção é o aparecimento de nódulos da pele, apresentando-se os folículos pilosos carcomidos, além de pontos avermelhados nas regiões mais claras ( despigmentadas), devido infiltração serosa da epiderme.

Algumas vezes podem ser claramente visíveis hemorragias cutâneas. Evolui para vesículas, e em algumas vezes para pústulas cutâneas.O conteúdo dessas vesículas que se rompem junto com as células de descamação da epiderme desprendidas por queratinização, formam verdadeiras escamas cobrindo a pelagem do animal e de coloração branco-acizentada. Sua aglutinação dá origem as crostas que sobrevem sobre a pele, o que serve também de estímulo para novos processos de queratinização cutânea. De permeio a essas crostas são encontradas verdadeiras galerias que servem de abrigo ao parasita e com o qual se nutre, além do próprio sangue do animal. Pela debilitação do próprio pêlo, sobrevem sua queda e em conseqüência o aparecimento de zonas depiladas na superfície parasitada.

TRATAMENTO - Entre os existentes, quando o número de animais parasitados é suficientemente grande que o justifique, podem ser utilizados câmaras fechadas, onde é insuflado anidrido sulfuroso, na proporção de quatro e cinco por cento com o ar atmosférico e na temperatura de 25-30 graus durante pelo menos uma hora. Deve esse tratamento ser repetido pelo menos durante uma semana e diariamente.

Aplicações sobre a pele, principalmente se o parasitismo for localizado como na cabeça e pescoço, e o número de animais for pequeno, são indicadas soluções com os seguintes medicamentos: Em primeiro lugar aplicação de solução de Hipossulfito de sódio a 40 %, com utilização de um pincel ou brocha, para logo em seguida ser aplicada uma solução de Ácido Clorídrico a 4 %.

A reação química que sobrevem entre essas soluções,dá origem ao Enxofre nascente, que tem ação fortemente acaricida, debelando o mal e o parasitismo dessas regiões do animal.

Medicamentos do tipo: Acarsan, que contem Benzoato de Benzila também têm indicação e são utilizados quando o número de animais for pequeno.

Igualmente sabões medicinais Sarnicidas, também podem ser utilizados em banhos diários dos animais, assim como lavagem dos utensílios utilizados no trato dos próprios animais, como escovas, raspadores, arreios e baixeiros de selas e arreios, assim como panos utilizados.

Alguns inseticidas de contato, a base de substâncias fosforadas ou cloradas, também podem ser utilizadas, desde que se tomem os devidos cuidados para ser evitada absorção pela pele, e conseqüente intoxicação do animais tratados.

Como última recomendação para evitar-se que tais parasitas cheguem até os animais, recomendaria banhos diários dos eqüinos do plantel, simplesmente com água, sabão e escova, alem de cuidados especiais no uso de objetos ou arreios de terceiros que podem estar contaminados por parasitas.

sábado, 6 de novembro de 2010

Doenças e Afecções - Tétano

O Tétano é uma toxi-infecção aguda, que atinge o homem e animais domésticos, causada pela toxina do clostribium tetani ou Bacilo de Nicolaier, e que se caracteriza pelo aparecimento de espasmos musculares tônicos e hiperexcitabilidade reflexa.

Os equinos são particularmente suscetíveis, mas a ocorrência é realtivamente rara. A infecção se dá geralmente através de feridas acidentais ou cirúrgicas, em contato com o esterco e com a terra, principalmente se esta tiver sido estercada. Os potros recém-nascidos estão sujeitos à infecção umbilical.

Este bacilo forma esporos com capacidade de persistência no solo durante anos. Resistente à fervura de 100ºC por 60 min. Os esporos do bacilo tetânico são freqüentes nas fezes de animais, principalmente de eqüinos, e em cerca de 40% das amostras de solos.

A transmissão se dá nos solos cultivados, currais e estábulos que, são as mais comuns fontes de infecção e as portas de entrada do bacilo são as feridas profundas não-arejadas, onde os esporos podem permanecer latentes por algum tempo nestes tecidos, somente produzindo a enfermidade em condições favoráveis de proliferação.

Nos eqüinos o acesso da infecção se dá com maior freqüência em lesões nos cascos (pregos etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc.

Nos bovinos pode-se instalar através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação dos chifres; da castração e de traumatismo da parição.

Depois que penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes toxinas ou venenos, que entram na corrente sangüínea e vão agir nos grandes centros nervosos e também produzir espasmos tônico-clônicos.

SINTOMAS - O período de incubação varia normalmente de uma a três semanas, porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os principais sintomas são:

  • mastigação fraca e degliutição lenta e difícil;

  • rigidez muscular;

  • protusão da membrana nicititante;

  • ereção da orelha;
  • ventre recolhido;

  • pescoço estendido para a frente e a cabeça mais ou menos fixa;
    patas abertas e tesas, lembrando um cavalete;

  • narinas dilatadas;

  • movimentos cada vez mais lentos até a imobilização total;

  • espasmos generalizados;

tremores musculares, quando o animal é excitado.
A morte vem através do esgotamento, paralisia dos órgãos internos ou pneumonia. Algumas vezes, no curso do tétano, pode haver remissões dos sintomas gerais, o que dá uma falsa impressão de melhora do animal.

PROFILAXIA - O tétano pode ser evitado:

  • vacinando o animal anualmente.
  • usando soro anti-tetânico antes das itervenções cirurgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção;

  • evitando o contato das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira;

  • cuidando da assepsia do instrumento cirúrgico e da antissepisia das feridas;

  • desinfetar, tão cedo quanto possível, feridas recentes dos eqüinos;
  • eliminando os objetos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.

TRATAMENTO - O tratamento é difícil e problemático, devendo-se chamar um veterinário que poderá usar vários recursos em animais de valor, entre eles:

  • limpar as feridas, lavá-las com água oxigenada e aplicar anti-séptico adequado;

  • aplicação de Soro Anti-tetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repiti-las quando necessário;

  • dar alimentação líquida, de fácil deglutição;
  • conservar o doente em local abrigado e sosegado, se possível isolado e escuro;

  • quando o animal não puder permanecer de pé, suspendê-lo com uma faixa e colocar a água e os alimentos à altura da boca.