domingo, 9 de dezembro de 2012

Habronemose Equina


Raramente fatal. Causa transtornos econômicos principalmente a habromenose cutânea. A habronemose gástrica é geralmente assintomática. Extremamente comum, tem um caráter sazonal ocorrendo com maior freqüência nos meses quentes do ano.

TIPOS
  • HABRONEMOSE GÁSTRICA - acomete animais adultos
  • HABRONEMOSE CUTÂNEA - causada por larvas; é sazonal, sendo conhecida como "ferida de verão"
  • HABRONEMOSE CONJUNTIVAL - causada por larvas, acometendo animais de todas idades
  • HABRONEMOSE PULMONAR - causada por larvas, muitas vezes, em seu início, é assintomática.
CICLO DO HABRONEMA
É um ciclo indireto; usando como vetores a mosca doméstica (Musca domestica) e a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans).
As larvas (L-1) e ovos da habronema saem junto com as fezes dos equinos e as moscas colocam seus ovos sobre essas fezes. As larvas de moscas eclodem e ingerem as L-1 da Habronema. Temos então o desenvolvimento concomitante da mosca e da larva. Cerca de 2 semanas mais tarde temos as L-3 nas moscas adultas. Essas moscas ao pousarem em feridas abertas na pele do equino depositam as larvas e temos a denominada habronemose cutânea. Por outro lado estas moscas podem colocar suas larvas na boca ou próximo à boca do animal, neste caso as larvas ou mesmo a própria mosca pode ser degludida. Após 2 meses temos o verme adulto no estômago ocasionando a habronemose gástrica.
Em casos de infestação acentuada podemos ter a habronemose pulmonar. Se o parasita for depositado na cavidade ocular teremos a habronemose conjutival. Em relação a habronemose pulmonar os autores divergem: alguns acham que a infestação se dá via sangue ou linfa e outros acham que esta ocorre através de migração boca-traquéia-pulmão.


SINTOMAS DA HABRONEMOSE
  • HABRONEMOSE GÁSTRICA: geralmente assintomática.Alguns animais apresentam pelagem seca e sem brilho. No caso de Drachia sp temos a formação de tumores com até 10 cm de diâmetro. Esses tumores são preenchidos com material necrótico, nele temos grande número de vermes adultos que através de uma fístula nesse nódulo eliminam larvas e ovos para a luz do orgão. Esses nódulos podem raramente romper e levar a uma peritonite fatal. No caso de peritonite podemos ter o acometimento do intestino levando à uma constricção e cólica ou do baço com formação de um abcesso esplênico. Os nódulos de Drachia sp podem levar à uma obstrução mecânica ou ruptura estomacal nesse caso o animal se apresentará com depressão, febre, dor, calor do lado esquerdo, atrás do arco costal, cólicas leves a moderadas. A Habronema ao contrário, fica na mucosa gástrica e podem penetrar nas glândulas gástricas, determinando uma gastrite catarral, com produção de muco espesso e aderente. Cargas intensas podem levar a ulceração.

  • HABRONEMOSE CONJUNTIVAL: provoca lesões granulomatosas, conjutivite persistente com espessamento nodular, lacrimejamento constante, ulceraçào das pálpebras, não resposta aos tratamentos comuns antibacterianos. Geralmente acomete a terceira pálpebra.

  • HABRONEMOSE PULMONAR: as larvas podem atingir os pulmões e causar, em potros, pequenos abcessos associados ao Corynebacterium equi. Geralmente são assintomáticos principalmente após encapsulamento e calcificação. Durante intensa migração pulmonar podemos ter alguns sinais de muco bronquial.

  • HABRONEMOSE CUTÂNEA: as lesões aparecem nos locais mais comuns de ocorrerem traumatismos e onde o cavalo não consegue remover as moscas. Então os locais mais comuns são: rosto, perto da região medial do olho, linha média do abdomem, em machos em torno do pênis e prepúcio. Menos comuns são lesões nas patas, anca e pesco ço. A lesão começa como pequenas pápulas com centro erodido. O desenvolvimento é rápido e as lesões podem atingir 30 cm de diâmetro em poucos meses. No ínicio ocorre prurido intenso e isso pode levar ao auto traumatismo. Em seguida temos um granuloma castanho avermelhado não cicatrizante. Mais tarde a lesão pode se tornar fibrosa e inativa, mas só cicatriza no tempo frio.

    DIAGNÓSTICO DA HABRONEMOSE

  • HABRONEMOSE GÁSTRICA: diagnóstico difícil; ovos e larvas raramente são encontrados no exame rotineiro.Usamos então:
    1. Xenodiagnóstico: fezes do equino suspeito são colocadas junto com ovos de mosca. Após 1 semana quando as moscas estão adultas, as anestesiamos com éter e dissecamos no microscópio a procura do Habronema.
    2. Lavagem gástrica com soluçào salina e exame do lavado.
    3. Necrópsia: achado de parasitas adultos, larvas e ovos.
    4. Exame em água éter: muito díficil.

  • HABRONEMOSE PULMONAR: achado de necrópsia.

  • HABRONEMOSE CONJUNTIVAL: presença de larvas na conjuntiva e necrópsia.

  • HABRONEMOSE CUTÂNEA:


    1. Clínico: granulomas não cicatrizante.
    2. Raspado: encontro de larvas.
    3. Biopsias da área de lesão.

    TRATAMENTO DA HABRONEMOSE

  • HABRONEMOSE GÁSTRICA: Poucos produtos atuam no verme adulto. É indicado antes do uso do anti-helmíntico o uso de uma solução a 2% de NaOH para dissolver o "plug mucoso" e abrir o nódulo de Drachia, aumentando o efeito da droga antihelmíntica. Podemos usar:
    1. Levamizole-piperazina
    2. Diclorvós
    3. Ivermectin: droga de escolha; dose: 0.2mg/kg (dose única)
    4. Exame em água éter: muito dificil
  • HABRONEMOSE CONJUNTIVAL: Limpeza do olho com solução salina estéril. Utilização de pomada oftálmica com antibiótico e corticoíde (BID); para diminuir a inflamação e ação anti-bacteriana. Podem ser utilizadas também pomadas com organofosforados; com aplicação tópica (BID). Por exemplo: 9 g triclorfon + 224 g nitrofurazona líquida + 56 g dimetil sulfoxide.

HABRONEMOSE CUTÂNEA: Tratamento cirúrgico; indicado em dois casos:
  1. Feridas que não cicatrizam
  2. Nódulos calcificados que causem transtornos estéticos. Podemos usar criocirurgia e radioterapia além dos tratamentos cirúrgicos convencionais. Tratamento medicamentoso:
    1. Sistêmico:
    2. Triclorfon 22mg\kg IV; diluir em 5% de dextrose ou solução salina; repetir em 2 semanas
    3. Triclorfon 2ml em diferentes pontos da lesão durante 15 dias
    4. Dietilcarbamazine 6.6mg/kg (BID) durante 2 ou 3 semanas
    5. Fenthion: SC na lesão 5 ml/5cm de lesão por 10 dias
    6. Corticóide de curta ação
    7. Antimoniato de metilglucamina: 20 mg/KG IM/20 Dias
    8. Aplicação tópica de ALBOCRESIL
    9. IVERMECTINA 0.2 mg/kg IM --Tratamento de escolha
    10. Tópico:
    11. Limpeza da lesão com solução de dakin
    12. Aplicação de pasta com organofosforado
    13. Anti-inflamatório (dexametasona) - diariamente
    14. Pasta: 85% de glicerina + 5% de fenol + 10% de óleo de alcatrão (alguns autores acham que a glicerina atua osmoticamente na larva)
    15. Ácido crômico (10%) 2 a 3 x na lesão; mata a larva e forma crosta

CONTROLE DA HABRONEMOSE Evitar que o animal se machuque Cobrir feridas abertas Controle dos vetores Uso de repelentes em feridas abertas

É IMPORTANTE RESSALTAR: muitas vezes a simples abrasão da picada leva ao início da lesão sem necessitar de uma ferida aberta.